Luz da Humildade

30 de maio de 2021

À Virgem Maria, humilde serva do Senhor,

Hoje, nesta carta, venho falar, ó Mãe, do assunto mais amado por vós, que é o seu próprio Filho, Jesus, que sempre é o centro de tudo, mas que hoje venho meditar especificamente sobre a sua humildade em cinco diferentes cenas de sua vida que são meditados nos mistérios luminosos de seu Santíssimo Rosário. Confesso que estes são na maior parte do tempo os mistérios que mais tenho dificuldade de meditar e vislumbrar alguma luz, o que o Senhor tem a me dizer sobre eles. Porém, o Senhor me fez entender o quão ele foi humilde nesses mistérios, particularmente, assim me dando a graça de compartilhar convosco esta humildade, que é tão conhecida vossa, mas que nunca se cansa de ouvir sobre.

No primeiro mistério, o batismo de Nosso Senhor por São João Batista a humildade é mais clara, Jesus é Deus, ele não tem pecados, e portanto não precisava do batismo de conversão pregado por São João Batista. No entanto, ele quis se submeter ao batismo para com sua humildade inaugurar o nosso batismo e purificar as águas para que elas pudessem, posteriormente, nos dar a santidade e o caráter de filhos de Deus. Imaginando a cena podemos imaginar que esta humildade pode ter sido causa de queda para alguns ao redor. São João Batista tinha declarado que Jesus era o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, mas vendo ele sendo batizado como qualquer outro homem muitos devem ter pensado “ele é homem como nós, então não deve ser tão especial assim”. Muitas vezes confundimos humildade com falta de grandeza e não enxergamos as oportunidades, a graça que o Senhor nos dá, na vida como um todo e nas pessoas, por não serem coisas grandiosas ao olho, mas que são grandes interior e espiritualmente.

No segundo mistério, o primeiro milagre de Nosso Senhor nas bodas de Caná ocorreu graças a vossa humildade, Mãe. O humilde enxerga as necessidades do outro e se coloca no lugar do outro como ocorreu convosco nas bodas de Caná. Somente através dessa humildade é que o Senhor realizou o milagre. O egoísta só enxerga a si e suas necessidades e estaria cego a necessidade daquele casal que precisava de vinho, ou até mesmo reclamaria da falta de vinho por estar atrapalhando seu conforto na festa. Vós, pelo contrário, enxergou essa necessidade e graças a isso Jesus realizou o milagre. Pela humildade podemos realizar grandes coisas, um simples gesto de humildade pode nos levar a grandes alturas!

No terceiro mistério vemos Jesus na Galileia, convidando o povo a conversão. Para alguns a pregação e o apostolado, embora seja obrigação de todos os cristão evangelizar, cada um a seu modo, são uma habilidade e um talento muito grandes, que ambicionam ter. Porém, para Jesus pregar também foi um ato de humildade. Jesus Cristo é Deus e poderia, com o seu poder infinito convencer as pessoas de vários modos, por grandes milagres e eventos grandiosos, porém ele não queria nos converter para um temor servil, não quer nos forçar a crer, mas como diz muito bem o mistério, quer nos convidar a conversão, a ter um amor genuíno, conhecê-lo pelo que ele tem de primário, amor, e não somente poder e força.

No quarto mistério temos a transfiguração do Senhor no Monte Tabor. É um momento de glória para o Senhor, mas também um momento de humildade. Em primeiro lugar, se Jesus é glorioso como aparece na transfiguração, então até então ele havia suprimido a sua glória, assumido a condição de servo inteiramente e não há como descrever isso de outra forma a não ser pela palavra humildade. Em segundo lugar, o Cristo é ainda mais glorioso no céu, podemos crer, e vós, ó Mãe, sabeis disso porque realmente vê, assim no Monte Tabor Jesus somente mostrou uma pequena parte de sua glória infinita, a quantidade suficiente para Pedro, Tiago e João compreenderem, realizando assim um segundo ato de humildade.

No quinto mistério contemplamos o maior ato de humildade que o Senhor realizou e ainda realiza em todas as missas: a instituição da Santíssima Eucaristia. Se dar por interior no pão e no vinho, se diminuir a este ponto, tendo a aparência de pão e vinho, não é só demonstra uma humildade infinita, mas um amor infinito por nós. Por esta aparência tão humilde o que o Senhor teve que suportar durante esses 2000 anos: falta de reverência, ultrajes e sacrilégios. Comunhões mal feitas por mim, também, tudo deve ser reparado em favor de uma humildade e amor tão grandes.

Só podemos reparar isto com a vossa ajuda, ó Mãe, nos espelhando na vossa vida de humildade e meditando sobre a humildade de Nosso Senhor, nos impelindo também a sermos humildes. Que vós, humilde serva do Senhor, também nos ensine este caminho e guie em nossas fraquezas, que são muitas, especialmente contra o egoísmo.

Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós!

A 30 de maio de 2021

Memória de Santa Joana d’Arc

✞ Totus Tuus Mariae