Intercessão, Obediência, Transformação

05 de junho de 2021

À Virgem Maria, a Mãe de Jesus,

O último momento em que vós apareceis nos Evangelhos, querida Mãe, foi nas bodas de Caná, onde vosso Filho e Nosso Senhor Jesus fez o seu primeiro milagre, começando assim, de fato, seu caminho que culminaria na morte na cruz, onde vós também estivestes presente. Neste episódio do milagre nas bodas de Caná podemos ver vosso poder de intercessão e um conselho vosso para que possamos também nos transformar da água para o vinho.

A primeira parte é a vossa intercessão por aquele casal que estava sem vinho. Aquele casal representa a todos nós, principalmente aqueles que são vocacionados ao matrimônio, mas podemos falar sobre isso em outra carta. No Evangelho está assim:

Faltando o vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: “Não têm vinho”. Jesus respondeu-lhe: “Mulher, que nos importa a mim e a ti isto? Ainda não chegou a minha hora”.

Vós não fazeis um pedido pessoal a Jesus, mas sim falais a ele completamente confiante em sua misericórdia e sabedoria sobre o que fazer. Aparentemente, Jesus hesita e pode até soar um pouco ríspido, mas, eu me atrevo dizer, ele estava colocando a vós dentro do plano de salvação, dentro da Hora, a sua morte para a redenção do mundo como a Mulher, aquela que esmaga a cabeça da serpente. Não era rispidez, mas sim um elogio e uma forma de responder a intercessão feita por vós.

Podemos fazer um paralelo quando vós intercedeis por nós: “Ele está se perdendo” vós dirias, e o Senhor diria que nós não merecemos, mas que por vossa causa, Ele nos ajudaria. Não é exagero dizer que é por vossa causa que Nosso Senhor ainda se utiliza de sua misericórdia para conosco. Para sairmos desse estado de miséria, vós dizeis o seguinte aos serventes, mas que vale para todos nós até o fim dos tempos:

Disse sua mãe aos que serviam: “Fazei tudo o que ele vos disser”.

Ora, não seria exagero dizer que vós resumistes toda a doutrina católica nesta pequena frase: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Para sairmos desse estado de perdição devemos ser obedientes como vós fostes, ao entregar toda a sua vontade nas mãos de Deus na Anunciação. A nossa vontade é a única coisa que é propriamente nossa, dada por Deus a nós, a liberdade, de onde surge a capacidade de amar. Somente entregando a nossa vontade a Deus, com livre e espontânea vontade é que conseguiremos realmente amá-lo. Todo amor exige uma responsabilidade, um sacrifício pela pessoa amada. Portanto, nada mais justo do que entregar o nosso bem mais precioso, a nossa vontade, aquele que nos amou por primeiro, até mesmo quando viramos as costas para ele.

Fazendo isto tudo seremos transformados:

Ora, havia ali seis talhas de pedra preparadas para a purificação judaica, que levavam cada uma duas a três metretas. Jesus disse-lhes: “Enchei as talhas de água”. Encheram-nas até em cima. Então Jesus disse-lhes: “Tirai agora e levai ao arquitriclino”. Eles levaram. O arquitriclino, logo que provou a água convertida em vinho (ele não sabia donde viera, ainda que soubesse os serventes, porque tinham tirado a água), chamou o esposo e disse-lhe: “Todo homem põe primeiro o bom vinho e, quando já os convidados tem bebido bem, então lhes apresenta o inferior; tu, ao contrário, tiveste o bom vinho guardado até agora”.

O Senhor irá nos transformar, nos converter, como ele converteu a água em vinho. Nos transformará de algo comum e até medíocre em algo valioso e fruto de um trabalho árduo. Claro, esta transformação não virá do dia para a noite, até mesmo neste caso nas bodas os serventes tiveram o esforço de tirar a água, que foi muita água! Metreta é uma medida da Grécia antiga que equivale a 30 a 40 litros! Ou seja, eram seis talhas com 60 a 120 litros, isso sem água encanada! Será que os serventes sabiam o que iria acontecer? Será que eles sabiam que aquele esforço todo valeria a pena? Não sabemos o estado de espírito deles, mas sabemos que eles obedeceram e colheram os frutos.

Assim também nós, confiamos na promessa do Senhor de que os sofrimentos desta terra valerão a pena e continuamos na obediência a suas palavras e assim seremos realmente transformados por Ele e O veremos tal como Ele é no céu!

A 5 de Junho de 2021

Memória de São Bonifácio, bispo e mártir

✞ Totus Tuus Mariae