À Virgem Maria, a inesquecível
Como seremos lembrados quando passarmos deste mundo para o próximo? Esta não é uma pergunta egoísta de quem quer ser lembrado pela sua fama, pelas coisas que fez e agradou a este mundo, não, mas sim como seremos lembrados conforme as nossas ações boas ou más perante Deus e aqueles que realmente importam para nós.
Muitas pessoas passam por esta terra e por sua sabedoria diante das pessoas do mundo e seu sucesso, são enaltecidas até mesmo por ocasião de sua morte, mas suas ideias não resistem o teste do tempo e logo são esquecidas, passando a enaltecer outras personalidades sem nenhum escrúpulo. A Imitação de Cristo retrata bem sobre os sábios deste mundo:
Por certo, no dia do Juízo não se nos perguntará o que lemos, mas o que fizemos; nem se falamos com eloquência senão se vivemos com piedade. Dize-me: onde estão agora todos aqueles mestres e doutores que bem conheceste quando ainda viviam e floresciam nas escolas? Já outros possuem as suas prebendas e talvez nem deles se lembrem; quando vivos pareciam alguma coisa, hoje deles nem se fala. (Livro I, Cap. III, § 5)
E ainda:
Oh! Quão depressa passa a glória do mundo! Prouvera a Deus que a vida lhes concordasse com a doutrina; teriam então lido e estudado com proveito. Quantos perecem no mundo, entregues a uma ciência vã e descuidados do serviço de Deus! Esvaeceram em suas cogitações (Rm 1, 21) porque antes quiseram ser grandes que humildes. (Livro I, Cap. III, § 6)
O que podemos extrair, ó Mãe, de ensinamentos da sua vida em relação a isso? O Magnificat nos dá parte da resposta:
Portanto, eis que de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações; porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso, e o seu nome é Santo. (Lc 1, 48-49)
Estas palavras vossas de extrema humildade foram proféticas como diz o Venerável Fulton Sheen, grande servo vosso comparando os sábios do mundo a vós, humilde serva do Senhor que para o mundo não fez nada digno de nota na esquecida cidade de Nazaré:
Quão rapidamente são esquecidos grandes homens e mulheres, e quão poucos de seus nomes são lembrados. Precisamos de um guia para identificarmos os mortos na Abadia de Westminster; são poucos os cidadãos que conhecem os heróis da Guerra Mundial, que deram seus nomes a ruas. Neste caso, porém, Maria é uma menina, ignorada e desconhecida, nos confins do Império Romano; ela, que afirma que a lei do esquecimento será suspensa em seu favor e o profetiza antes que um único Evangelho fosse escrito, antes que o Filho de Deus tivesse visto a luz do dia na carne.
Somente buscando as virtudes é que seremos lembrados, não pelo mundo, mas como filhos de Deus no dia do juízo. Esta parte do Magnificat se aplica à Virgem Maria por excelência, mas todos os santos, em menor grau, são bem-aventurados não devido a suas ações, mas devido às ações de Deus neles.
Nesta semana em que celebramos todos os santos, lembramos particularmente os santos que são desconhecidos, ao menos por toda a Igreja. Os santos canonizados são dados pela Igreja como exemplos de vida a serem seguidos e nunca serão esquecidos, não importa quanto tempo passe, seus ensinamentos são eternos e de uma profundidade infinita como os ensinamentos do próprio Cristo que eles buscaram encarnar nesta terra. Porém, as pessoas que são santas, mas não canonizadas não foram esquecidas, ao menos elas sobreviveram ao teste do tempo nas comunidades em que teve impacto, na vida das pessoas mais próximas que sentiram a presença de Cristo nelas e nunca se esquecerão.
Santa Teresinha do Menino Jesus diz:
Passarei o meu Céu fazendo o bem sobre à Terra.
É isto que todos os santos fazem, seguindo de maneira admirável o vosso salutar exemplo, Virgem Santíssima. Que tenhamos uma vida de busca das virtudes e do Cristo, como vós, para que também um dia mereçamos passar o nosso céu fazendo o bem sobre à Terra.
Rainha de Todos os Santos, rogai por nós!
A 6 de novembro de 2021