À Virgem Maria, Sede da Sabedoria,
Caríssima mãe, meditando sobre a cena de Pentecostes eu me deparo sempre com a exclamação inusitada de alguns dos que assistiram aquele evento que deveria ter sido auspicioso para todos, mas que pelo que foi dito não o foi. Após a descida do Espírito Santo, como vós bem sabeis, já que estava lá junto dos Apóstolos, todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas saindo da casa onde estavam trancados. Aqueles que os ouviam ficavam surpresos de cada um estar os ouvindo em sua própria língua, sendo todos eles galileus, claramente incultos, mas este nem era a parte surpreendente, mas sim de que cada um ouvia falar em sua própria língua, não há outra explicação a não ser um milagre. Porém, o desfecho desde grande episódio da história da Igreja é descrito com incredulidade e zombaria de quem não quer ver o que está acontecendo na frente de seus olhos: “Estavam todos atônitos e fora de si, dizendo uns para os outros: ‘Que quer isto dizer?‘. Outros, porém, escarnecendo diziam: ‘Estão cheios de vinho doce’” (At 2, 12-13). Que vinho doce era esse?!
Porém, durante a história da Igreja esses episódios ocorreram muitas vezes embora também a Igreja, confiando na Providência Divina, converteu a muitos, principalmente nos primeiros séculos, muito também negaram milagres retumbantes com dizeres tão estapafúrdios quanto este para negar coisas que eles simplesmente não sabiam explicar. Hoje ocorre ainda mais destes eventos quanto em qualquer época da história da Igreja, em minha humilde opinião, Mãe Santíssima, infelizmente, apesar de seus esforços para remediar tais incredulidades.
Há mais provas hoje dos grandes feitos de Nosso Senhor e Sua Igreja do que em qualquer época e parece que os corações estão mais endurecidos do que em qualquer época. Não há, a meu ver, como dizer que a Igreja Católica não é a Igreja de Cristo e que Ele não é o Filho de Deus. Já nos primeiros séculos, após Pentecostes os Apóstolos começaram a pregar, sem dinheiro, sem conhecimento, sem poder, contra talvez o império mais poderoso que já houve na história, o resultado foi um milagre em si mesmo: regadas pelos sangues dos mártires (que preferiam morrer a negar Cristo, quem faria isso se não pela Verdade?) as almas floresceram, o Império Romano caiu e a Igreja Católica se ergueu das catacumbas dos santos para as mais imponentes catedrais, algumas do tempo do próprio Império Romano, que permanecem de pé como a Igreja permanece de pé por mais de vinte séculos. Qual outra instituição permaneceu por vintes séculos em uma sucessão ininterrupta apesar de grandes contrariedades e desafios e manteve viva sua doutrina durante esse tempo todo com os mesmos ensinamentos?
Alguns incrédulos podem dizer que isso são lendas antigas ou fábulas medievais e que hoje nada mais disso acontece e que a Igreja está ruindo. Porém, há inúmeros milagres ocorrendo hoje diante de nossos olhos que a medicina moderna, e todas as outras ciências, não conseguem explicar, com a intercessão de santos que viveram muito próximos de nós, alguns com fotos coloridas. Desta forma, eu me pergunto, ó Mãe da Sabedoria Encarnada, porque tanta incredulidade? Partindo do princípio irrefutável de que Deus é perfeito não há outra explicação a não ser a nossa própria fraqueza, Mãe, a nossa fraqueza e nossa incompetência em atrair as almas. Em nossa miséria, ó Mãe, nada podemos, mas com a vossa intercessão poderosa e infalível diante de seu adorável Filho, podemos tudo. Assim, roguei por nós para que sejamos mais aptos e busquemos nossa força somente em vosso Filho e no Espírito Santo, ó Mãe, como ele nos diz em seu Evangelho: “Quando vos levarem às sinagogas e perante magistrados e autoridades, não estejais com cuidado de que modo respondereis ou que direis, por que o Espírito Santo vos ensinará naquele mesmo momento o que deveis dizer.” Vinde, Espírito Santo, corações onde mais habita a sua esposa, a Virgem Maria!
A 24 de maio de 2021
Memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja