À Virgem Maria, modelo de todas as virtudes,
É possível extrair dos mistérios gozosos do vosso Santíssimo Rosário exemplos de muitas virtudes que vós, São José e o Menino Jesus demonstraram com perfeição, mas nesta carta gostaria de focar na coragem, virtude que talvez não seja muito evidente já que não é visto nada de humanamente heroico em todos os atos realizados por vós.
Na anunciação do Arcanjo São Gabriel vós demonstrastes coragem aceitando com fé total os desígnios do Senhor mesmo sabendo o que poderia acontecer convosco, incluindo o perigo de morte de ser vista como uma mulher que teria cometido adultério, algo punível com a morte em vosso tempo aqui na terra, além das grandes responsabilidades que haveria de carregar sendo a Mãe do Messias, que vós, tendo estudado no templo durante muitos anos, conhecia bem.
Na visita a sua prima Santa Isabel a caridade vos impeliu a ir com alegria servir a sua prima que, sabendo pelo anjo que ela estava grávida, precisava com certeza de ajuda nos afazeres da casa. Somente vós sabeis se fostes realmente sozinha a esta viagem ou a acompanhou São José, mas creio que São José, ainda que não soubesse muito bem o porquê, a acompanhou nesta viagem, que não era menos perigosa devido à distância. Esta coragem de ir ao encontro de quem necessita com prontidão é que devemos imitar.
A coragem no tempo do nascimento de vosso Filho e nosso Senhor Jesus foi compartilhada com São José: a coragem de serem humildes. Já na proclamação do édito de César Augusto, imperador romano, vós vos submetestes às ordens dele que era, apesar de tudo, governante das terras de Israel na época. Após isso, ao chegar em Belém se depararam com todas as estalagens lotadas e ao se humilharem indo de porta em porta, encontraram um lugar em uma estrebaria. Às vezes não é o bastante ser humilde, mas também ter coragem de ser humilde. Assim, Jesus presenteou com a sua presença a vós e a São José, nascendo em meio a humildade extrema com a sua glória. Se tivermos esta mesma coragem de sermos humildes, Jesus também nos presenteará com a sua presença em nosso coração.
Na apresentação do Menino Jesus no templo e a vossa purificação também podemos ver a mesma humildade acima mencionada, de se submeter, desta vez, a lei, que nem Jesus, vosso Filho e nosso Senhor tinha obrigação de se submeter, nem a vós, que é puríssima e não precisava de nenhuma purificação. Porém, neste episódio a coragem mais proeminente foi a do velho Santo Simeão. Como proclamar no meio do templo que o Menino Jesus, um bebê frágil, era o Messias esperado? Muitos devem ter olhado para São Simeão como um velho senil, mas ele não se preocupou com o respeito humano e disse a verdade que iluminada pelo Espírito Santo em sua alma!
A coragem vista por vós e São José na perda de Jesus em Jerusalém também foi grande devido ao grande amor que vós e São José têm para com Jesus, que é Filho, mas também Senhor. A coragem de não sucumbir ao desespero e confiar no Senhor apesar de não saber o que estava acontecendo. O medo não era necessariamente de algo acontecer com Jesus, vós sabíeis que Ele era a Deus, mas de que se vós havíeis feito algo para desagradá-lo. Esta coragem, mesmo ao estar na penumbra da fé é o que devemos imitar.
Tantas virtudes para nós imitarmos! Que pela vossa intercessão possamos imitá-las por amor a Nosso Senhor e com coragem para enfrentar as tentações e os inimigos da Igreja!
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!
A 24 de abril de 2021
A 4 dias da memória de São Luís Maria Grignion de Montfort