A Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa,
Hoje, dia da Anunciação do Senhor, momento de grande graça para vós, Mãe Santíssima, gostaria de meditar um pouco a respeito deste momento, imaginando como ele foi, aquele dia em que a salvação entrou na humanidade por meio de seu consentimento.
Eu imagino a cena da anunciação como um momento a noite, onde naquela época, que não existia luz elétrica, era uma escuridão total, uma escuridão que simbolizava o pecado na qual a humanidade estava mergulhada. Vós estavas rezando e meditando sobre a vinda do Messias naquele momento, como costumava fazer quase que o tempo todo, pedindo que servisse a Mãe do Senhor. Já era tarde e Vós estavas fazendo as últimas orações antes de se recolher quando uma luz forte encheu todo o casebre onde Vós humildemente moravas e o anjo Gabriel aparecendo, lhe saúda:
Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo! (Lc 1, 28)
É interessante verificar aqui que ao contrário de muitas outras aparições de anjos durante os Evangelhos, Vós não vos perturbastes ou ficastes amedrontada com a aparição do anjo em si ou a glória do Senhor que brilhou com sua aparição, mas sim com a saudação do anjo:
Perturbou-se ela com essas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. (Lc 1, 29)
Vós, que sois mestra da oração e da contemplação, começou imediatamente a pensar e meditar sobre aquela saudação. Aparentemente vós não vos perturbastes com a aparição do anjo como muitos outros depois, como por exemplo no dia do glorioso nascimento do seu amado Filho Jesus, Nosso Senhor:
Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. (Lc 2, 9)
Como diz Nosso Senhor a Nicodemos:
Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas aquele que pratica a verdade vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus. (Jo 3, 20-21)
Infelizmente para nós, ó Mãe, que somos pecadores, a luz ainda nos ofusca e nos atemoriza, isso era ainda mais verdade no vosso tempo, em que a luz de Cristo ainda não tinha resplandecido e toda Israel era escrava de Satanás e do pecado. Mas vós sois pura e imaculada e assim não haveria motivos para vós temeres a luz, mas sim convida a luz. Assim, a sua perturbação naquele momento foi causada pela vossa profunda humildade ao ser chamada por anjo de uma forma tão excelsa e que pensavas ser indigna de ser chamada. O anjo vos tranquilizou e disse que vós tínheis encontrado graça diante de Deus, muito por causa de sua profunda humildade.
Após ouvir o anúncio do anjo vós perguntastes como se faria aquilo, não por duvidar da onipotência de Deus, mas sim porque vós tínheis o desejo de se manter virgem, inteiramente entregue ao Senhor, tendo o mesmo desejo São José, seu castíssimo esposo. O anjo disse-lhe que o Espírito Santo, Ele que é atraído para o que é mais puro, inocente e humilde, iria concebê-la e assim aquele que nasceria seria chamado Filho de Deus.
Poderia ter passado muitos pensamentos pela a vossa mente: “o que os outros irão pensar?” “como vou explicar esse mistério a José?” Entre outras, mas vós não pensastes em se não fazer a vontade de Deus:
Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. (Lc 1, 38)
Não há palavras que possam descrever adequadamente este momento histórico para toda a humanidade, que ocorreu escondido na humildade casa onde vós moráveis em Nazaré.
Obrigado, Mãe, por ter se tornado Mãe de Deus e nossa.
A 25 de março de 2021
Solenidade da Anunciação do Senhor